quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Dias brancos

Novo conto, escrito na aula de ontem, por mim e pela Carol.



Os gritos agudos de Verônica enchem os corredores. Ela está sozinha em seu traje branco. Lágrimas escorrem pela face, horrorizada pelo reflexo do seu rosto no espelho. Sua mente turva já não consegue lembrar porque se encontra neste local. Sente-se amargurada por sua condição, prevendo seu futuro encarcerada.
No quarto ao lado, ouvem-se gargalhadas. Um velho homem desconhecido até para si mesmo ri de suas tristezas, desesperado que está pela sua condição. Lembra-se de seus dias de vigor, quando as moças lhe caíam aos pés. Agora, já não acontece mais e ele precisa se conformar. É difícil viver preso.
O apito do trem acorda as pessoas para a realidade. O tempo para por um instante. Saem de seus quartos Joanas D’Arc, Napoleões e muitos outros Cristos. O homem também desce as escadas, lentamente, e faz sua trajetória até o jardim. Senta-se triste e cansado em um banco branco, cabisbaixo, apenas ouvindo os sons da banda que não toca música alguma.
De repente, ele avista sua musa, Verônica. Ela vem sorrindo, como sempre, e com o rosto inchado e os olhos vermelhos. Ela caminha em sua direção balançando seu corpo esguio. As mãos dos dois se unem e ele se levanta.
O par dança alegremente sobre as folhas secas e flores tímidas, ao som dos músicos que não tocam. Ao redor do casal, os outros internos assistem a cena que, diariamente, traz a paz ao hospício.

3 comentários:

Ran Omelete disse...

Se não me engano, foi Machado de Assis que disse que a única diferença entre as pessoas que estão do lado de dentro do hospício e as que estão do lado de fora é o muro que as separa. E não sei quem falou que a única coisa que salva os homens da loucura é o amor ou o encontro com o outro.

Enfim, um momento meloso meu pensando isso...

E eu li, sim, todo o seu comentário. Aliás, gosto dos comentários longos. Não sei por que, mas acho que nos mais longos fica mais evidente a face da pessoa que comentou. Mas isso pode ser só impressão minha. Sei lá.

Josias disse...

Olá Rachel!!! q texto lindo!!!!!!!!!!!

Parabéns!!!!

as vezes, quando estou andando por aí, começo a observar as coisas e as pessoas, algo me vem à mente,,, nós vivemos em um grande, louco e doentil caos, e algumas vezes tenta viver tranquilamente ainda é chamado de louco por alguns,,,

adorei o texto,,,


b e i j o !

Lucas disse...

Eu estava lá...hehe. Parabéns!