sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Os males do calor

Era uma quarta-feira ensolarada e quente na capital gaúcha. Esta que vos escreve passeava tranquilamente pela cidade e decidiu caminhar pela Usina do Gasômetro. Sabendo de suas responsabilidades acadêmicas, sentou-se em um banco debaixo de uma árvore e saboreou um livro de José Lutzemberger.
Bem, como já disse, era uma tarde quente, e os pequenos animais adora tardes quentes (e bancos de praças). Como era de se esperar, logo uma pequena formiga subiu no livro (ainda não sei exatamente como eu não percebi antes, se o livro estava em minhas mãos). Pacientemente, transportei a amiguinha de volta ao seu habitat, neste caso, o banco, e segui a instigante aventura literária.
Como não poderia ser diferente, logo mais, aparece em minha mochila, ao meu lado, uma pequena aranha vermelha e ATERRORIZANTE!! Mas, eu estava bem armada com o livro de capa dura da biblioteca. Passei os instantes seguintes à caça do monstro. Nem preciso dizer que as pessoas ficaram me olhando e eu não consegui mais sentar naquele banco. Decidi ir embora. Naquela noite, sonhei com aranhas.

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Mais tarde, fiquei pensando por que esse medo incontrolável de um bichinho tão pequeno (e, ao mesmo tempo, com tantas patas). Cara, ele é milhares de vezes menor do que eu e ainda assim, mesmo sabendo que está fugindo de mim (que teimo em ser sua assassina), não consigo ficar no mesmo banco e, menos ainda, manter a calma.
Óbvio, fui pesquisar. Encontrei algumas coisas interessantes sobre fobia. Fobia é definida como um medo excessivo de alguma coisa. Não é um medinho comum, é um medão descontrolado.
Achei também algumas fobias bizarras, como a Luposlipafobia, que é o medo de ser perseguido por um lobo cinzento ao redor da mesa da cozinha enquanto está ventindo meia no chão recém encerado. Óbvio que é inventada, foi um tal de Gary Larson, autor dos quadrinhos Far Side. (Eu ri).

Continuei pesquisando e descobri que a aracnofobia é a mais comum das fobias e que não se sabe ao certo a explicação. Existe uma teoria de que o medo seria uma vantagem evolutiva para a sobrevivencia.
Por outro lado, algumas culturas veem as aranhas como símbolo de boa sorte. Veja só, eu seria muito sortuda, pois acredito que eu tenha um imã para atrair aranhas. Justo eu!

Vou parar por aqui que eu já to me coçando toda!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Em cartaz: O Amargo Santo da Purificação

Espetáculo de rua é bom! Do Ói Nóis, ótimo! Com uma hora e meia de duração, não tem preço! É verdade, não tem preço. Ainda por cima o espetáculo é gratuito.
Já é a segunda vez que eu assisto esta peça e vou ainda uma terceira, se tudo der certo. E se der mais certo ainda, uma quarta vez, quinta...
Este espetáculo conta a vida de Carlos Marighella (joga no google) e, como todos os trabalhos do Ói Nóis, muito bem produzido. Tudo no capricho. Percebi algumas mudanças desde a última vez que eu assisti. Mudanças pra melhor, uns toques de humor a mais.
Cheio de músicas feitas a partir de textos de Marighella, a peça mostra bastante da cultura brasileira, a mistura de raças e a política.
Gostei muito dos figurinos desta peça; transparecem capricho. Além disso, eles utilizaram muitas máscaras, o que eu acho muito bacana pra evidenciar algumas coisas, esconder outras, padronizar personagens.
Enfim, só assistindo mesmo. Eles estão fazendo uma temporada deste espetáculo: todo domingo, às 15h, no estacionamento da Redenção, e quintas-feiras, às 12h, no Gasômetro.
Mais uma dica: se fores tão branco quanto eu, passa um filtro solar :)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Tipo aquele lá

Com o retorno das aulas esta semana, parei para "ver" a sala de aula, as pessoas que formam as turmas. Já nos primeiros minutos, dá pra saber mais ou menos como é o professor; se ele é mais tradicional ou não, se é exigente, bem humorado, paciente ou dono da verdade.
É até divertido analisar os professores, mas, também, dá pra observar os colegas. Aliás, existem alguns tipos que estão sempre lá, de forma bem estereotipada, mas verdadeira. Sempre tem um que não cala a boca (e, confesso, às vezes eu faço este papel), tem aquele que sempre chega atrasado ou o que sai mais cedo e tem o que não está interessado. Em noite de jogo, manifestam-se os fanáticos por futebol. A gente encontra pessoas conhecidas e outros que a gente nunca viu. Tem aquele qe parece estar mais perdido que cebola em salada de frutas ou que não consegue entender nada (estes, geralmente, podem ser encontrados nas primeiras fileiras de classes). Tem os que sabem tudo e os que criticam tudo.
Parece (e é) bem clichê, mas é também verdade. Às vezes tem uns tipos diferentes ou alguém que faz mais de um papel. Claro que não é todo mundo que se enquadra em algum tipo específico, aliás, a maioria é só colega, assim, sem nada de mais. Mas, acho engraçado sempre encontrar algumas pessoas bem típicas em todas as turmas, grupos de amigos, colegas de trabalho...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Aquele vagão - parte final

Quando, no dia seguinte, o trem parou na estação, procurei o rosto dela entre as pessoas, no lugar de sempre. Do lugar onde estava, não a pude encontrar, por isso, enfrentei o tumultuoso ambiente para mover-me e certificar-me de sua melhora. Para todos os lados olhei e em lugar algum identifiquei seu rosto.
Do ponto de partida, podia visualizar seu rosto, seu olhar alegre sorriu pra mim, translúcido no vento que vinha da janela. Caminhei até o lugar em que ela estaria e abri um livro. Agora, era esta minha companhia.

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Até a próxima, pessoal.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Aquele vagão - parte II

Mais uma vez, paramos. Novas pernas, novos braços e novos cabelos ocuparam os espaços vazios. Eu suava frio, e ela continuava vendo as casas passarem sem se incomodar. Já não percebia mais nada a minha volta. Só enxergava seu olhar, cada vez mais triste, procurar algum consolo através do vidro. Apenas voltei ao lugar onde me encontrava quando um par de braços encobriu minha visão. Vi os muitos corpos amontoados a minha volta. Senti as pernas e os braços me engaiolando. Minha respiração já estava ofegante e eu suava ainda mais. Perdi o foco de minha atenção atrás daquela gente que me enclausurava.
Chegou mais uma estação e paramos bruscamente. Senti a brisa fresca da rua quando a porta se abriu, deixando que as pessoas saíssem. Os espaços se reorganizaram e achei novamente o rosto dela. Espantei-me ao encontrar ali uma lágrima descendo devagar. Sua face agora estava um tanto avermelhada, mas suas feições permaneciam iguais. “Vou lá”, pensei, mas não movi um músculo. Notei que o livro permanecia aberto, descansando em suas mãos, com alguma esperança de ser lido.
Um barulho a trouxe de volta ao vagão. Enquanto seu olhar passava rapidamente pelas pessoas, ela levou a mão ao rosto e secou a lágrima solitária que já alcançava a base do nariz. No movimento, percebeu o livro aberto, olhou rapidamente para fora, fechou o livro e o guardou debaixo do braço. Voltou a segurar-se na barra logo que sentiu a mudança na velocidade. Ela observou o movimento e ajeitou-se para sair. Paramos mais uma vez.
Eu permaneci no meu lugar por mais algum tempo, cumprindo o percurso rotineiro. Ela, como habitual, foi embora sem nem desconfiar da minha presença, que dirá imaginar que eu conhecia seu desconforto. Admirei seus passos leves atravessarem a porta e os segui até se perderem entre tanta gente. A sua imagem triste daquele dia não me saía da memória. Como se fosse minha grande amiga, minha irmã, preocupei-me com seu sofrimento e culpei-me por não saber ajudar. Naquela noite, fui para casa pensando na minha viagem.

Continua...