sexta-feira, 14 de maio de 2010

Os meninos-soldados

Terminei hoje, no ônibus. Costumo ler bastante no transporte público, já que passo quase duas horas do meu dia viajando. Enquanto lia as últimas frases, tive aquele sentimento triste e alegre que acontece sempre que termino um bom livro. Alegre, porque é um bom livro, que valeu a pena ser lido. Triste, porque é um bom livro e a história acabou. Deu vontade de ler mais. Talvez, de novo.

O nome do livro é "Muito longe de casa - memórias de um menino-soldado", de Ishmael Beah. O autor conta sobre sua vida quando a guerra civil estoura no seu país, a Serra Leoa, e como ele foge da guerra e, depois, é forçado a lutar ao lado dos militares. Tudo isso acontece quando ele ainda é um adoslescente novo. É uma história bastante pesada, porque entra em detalhes sobre a guerra, as mortes e os sentimentos dele em meio a toda aquela loucura.

Como disse a amiga que me emprestou o livro, "tem horas que tu tem que parar de ler e pensar que ele escreveu a história", porque a gente pensa que ele pode não sobreviver. Tem algumas partes engraçadas, mas, em geral, é bem triste.

Outra coisa que me fascinou, foi as descrições sobre a cultura. Valoriza-se muito a família, o tempo que se passa com ela, também a natureza, as histórias, a própria cultura. Ele conta que gostava de observar a lua. Daí, eu fiquei pensando quando é que eu paro pra observar a lua, as estrelas ou mesmo as nuvens? Não que eu nunca tenha feito isso, mas posso contar nos dedos quantas vezes foram.

Acabei ficando triste por todas as coisas que acontecem naquele país, na África, aqui no Brasil e em tantos outros lugares. Por outro lado, fiquei feliz por alguém ter se encorajado a escrever sobre isso. Acredito que foi necessário muita coragem, pois ele mesmo comenta no livro que não gostava de falar sobre seus anos como soldado por causa de todas as lembranças que lhe traziam. Não deve ser fácil escrever sobre uma coisa que causa dor.

Enfim, fica a sugestão de leitura para que, como eu, gosta de ler um bom romance no ônibus, para quem gosta de história, de histórias de guerra, de histórias reais ou, simplesmente, para quem se interessou.

Um comentário:

Lucas Schwantes disse...

"aquele sentimento triste e alegre que acontece sempre que termino um bom livro"

um ótimo texto, compartilhar leituras é sempre muito bom.

um beijo :)