O assunto do momento é o Alemão. O Complexo. Na última semana, todos os olhos estavam voltados para o Rio de Janeiro e a guerra no morro. Ou, a maioria dos olhos. Todo mundo quer saber e dar sua opinião sobre o que está acontecendo lá. Até o Lula disse que vai visitar o Alemão.
Falando em Lula, fiquei pensando numa coisa: há menos de um mês, tivemos o segundo turno das eleições federais e estaduais. Tudo estaria resolvido, não fosse a Ficha Limpa, o Tiririca e outras coisinhas mais. Daí, passamos um bom tempo falando nisso em todos os meios de comunicação. “O Tiririca não sabe ler”, “ele sabe” e assim por diante. E tudo foi se enrolando, enrolando...
De repente, estoura uma guerra no Rio. Automóveis pegando fogo, Bope subindo o morro, tanques de guerra, traficantes correndo... Ninguém mais sabe o que está acontecendo lá no governo. Ninguém está muito interessado também. Nem eu. Eles podem fazer o que quiserem lá muito mais facilmente porque as pessoas querem ver o Rio, o espetáculo do morro. A mídia só mostra isto o dia inteiro. As notícias nos sites também são sobre isto. Os rolos que vão decidir quem vai mandar no nosso país está em segundo plano agora. Porque o Rio é uma notícia muito mais forte.
Não acho que a guerra no Rio seja conspiração ou algo assim, mas mudou o foco da população. Claro que é uma escolha das pessoas se informar sobre isso ou aquilo (apesar da enorme influência da mídia sobre isso). Também já estou cansada de toda essa politicagem. Não importa quem assume o poder, a situação cá embaixo não muda tanto. As pessoas ainda passam fome, estão desempregadas, precisam de saneamento, saúde, educação, casa, segurança. Mas, no fim, estamos novamente tratando os sintomas e não as causas.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Transporte público (de novo)
Ontem, tive uma manhã incomum. Além de ter dormido menos que o normal, precisei acordar mais cedo. Até aí, tudo tranqüilo (e o sono pegando). Desci do trem, como sempre e fui até a parada de ônibus. A fila já estava razoável. Vá lá, já teve dias piores. Beeeeem piores. Decidi me perder nos meus pensamentos ouvindo Beatles. Solzinho da manhã batendo, a galera esperando os ônibus e... “hum, aquela mulher parece estar reclamando de alguma coisa”. Tirei um dos fones. Era sobre a demora do ônibus. “Realmente, já estou esperando aqui há um bom tempo.”
A fila atrás de mim já tinha aumentado consideravelmente e nada do ônibus. A mulher, indignada, falava com os outros passageiros em potencial: “eles dizem que a gente não reclama! Ta tudo bom!”, comunicava. “Mas, quando a gente liga, fica na espera um tempão”, argumentava. E assim, repetia estas informações para quem quisesse ouvir.
Como me compete minha calma, não respondi, mas fiquei pensando naquilo. Não é a primeira vez que aquela linha atrasa, estraga, nos deixa na mão. “Seria eu omissiva?” Segundo o funcionário da empresa, está tudo bem porque ninguém reclama. Se as pessoas reclamassem, eles teriam que resolver o problema. Pensei, então, que também era minha culpa o atraso do ônibus.
Peraí! Tem alguma coisa errada, não?
Primeiro, a falta de reclamação não significa que tudo esteja bem. As pessoas não reclamam de todas as lojas que não gostam. Simplesmente, param de freqüentar. Claro que, neste caso, não temos muitas opções: ou pegamos esta linha, ou outra. Afinal, precisamos trabalhar.
Segundo, e, talvez, mais importante: se a empresa se propõe a oferecer ônibus em tais horários, é sua responsabilidade cumprir estes horários. Por que temos que reclamar pra que isso aconteça? Por que temos que pedir que ela cumpra sua obrigação?
Depois de 25 minutos esperando (felizmente, não chovia. Porque se chovesse, além de atrasada, chegaria molhada), o ônibus chegou e levou aquela gente pro trabalho. Ainda rolaram uns boatos de que a Av. Dique estaria fechada novamente pra mudança das famílias (mas, isto é assunto pra outro post). Não estava. Ainda bem, senão teria me atrasado mais do que meia hora para o serviço.
Então, não está tudo bem. Nem pra mim, nem na empresa. Se a Volkswagen ficasse esperando as reclamações dos clientes para cumprir o que se dispõe a oferecer, talvez não tivesse mais clientes. É preciso estar à frente das reclamações. Se não, outra empresa leva os clientes.
Assim, vejo uma solução para o problema dos ônibus: autorizar outra empresa a oferecer o serviço na cidade. Talvez com a concorrência fazendo as mesmas linhas, eles seriam obrigados a melhorar o serviço e, talvez, até diminuir o preço da passagem (tomara!).
Não acho uma boa solução, porque trata dos sintomas e não das causas. Mas, o problema real me parece tão mais complexo e profundo que me desanima perceber que pode não haver solução.
A fila atrás de mim já tinha aumentado consideravelmente e nada do ônibus. A mulher, indignada, falava com os outros passageiros em potencial: “eles dizem que a gente não reclama! Ta tudo bom!”, comunicava. “Mas, quando a gente liga, fica na espera um tempão”, argumentava. E assim, repetia estas informações para quem quisesse ouvir.
Como me compete minha calma, não respondi, mas fiquei pensando naquilo. Não é a primeira vez que aquela linha atrasa, estraga, nos deixa na mão. “Seria eu omissiva?” Segundo o funcionário da empresa, está tudo bem porque ninguém reclama. Se as pessoas reclamassem, eles teriam que resolver o problema. Pensei, então, que também era minha culpa o atraso do ônibus.
Peraí! Tem alguma coisa errada, não?
Primeiro, a falta de reclamação não significa que tudo esteja bem. As pessoas não reclamam de todas as lojas que não gostam. Simplesmente, param de freqüentar. Claro que, neste caso, não temos muitas opções: ou pegamos esta linha, ou outra. Afinal, precisamos trabalhar.
Segundo, e, talvez, mais importante: se a empresa se propõe a oferecer ônibus em tais horários, é sua responsabilidade cumprir estes horários. Por que temos que reclamar pra que isso aconteça? Por que temos que pedir que ela cumpra sua obrigação?
Depois de 25 minutos esperando (felizmente, não chovia. Porque se chovesse, além de atrasada, chegaria molhada), o ônibus chegou e levou aquela gente pro trabalho. Ainda rolaram uns boatos de que a Av. Dique estaria fechada novamente pra mudança das famílias (mas, isto é assunto pra outro post). Não estava. Ainda bem, senão teria me atrasado mais do que meia hora para o serviço.
Então, não está tudo bem. Nem pra mim, nem na empresa. Se a Volkswagen ficasse esperando as reclamações dos clientes para cumprir o que se dispõe a oferecer, talvez não tivesse mais clientes. É preciso estar à frente das reclamações. Se não, outra empresa leva os clientes.
Assim, vejo uma solução para o problema dos ônibus: autorizar outra empresa a oferecer o serviço na cidade. Talvez com a concorrência fazendo as mesmas linhas, eles seriam obrigados a melhorar o serviço e, talvez, até diminuir o preço da passagem (tomara!).
Não acho uma boa solução, porque trata dos sintomas e não das causas. Mas, o problema real me parece tão mais complexo e profundo que me desanima perceber que pode não haver solução.
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