Já perdi a conta de quantas palestras sobre "vencer na vida" eu assisiti até hoje. A maioria delas, não por acaso, enquanto estava na faculdade. Isso porque "vencer na vida" está diretamente ligado a sua profissão, dizem. Geralmente, essas palestras são ministradas por profissionais que se destacam em sua área, ou, que "venceram".
Pra quem ainda não foi numa palestra assim, vou contar como é:
Primeiro, o palestrante se apresenta (ou alguém o apresenta), diz o que faz e fala dos seus grandes feitos. Depois, ele começa a falar sobre como as coisas funcionam no mundo, o que ajuda a vencer e o que impede de vencer, sempre com exemplos da sua carreira e de outras pessoas. Piadinhas estão sempre lá, para todos ficarem mais relaxados e abertos às ideias, que são sempre as mesmas, fundamentalmente.
Fala-se sobre estudar bastante, trabalhar bastante, dar o melhor de si. Suar muito é imprescindível, assim como ter momentos de ispiração. Tem que ser melhor que os outros. Sempre. Se não, o outro é que vai vencer. E pregam que você tem que ser assim (você = todos os ouvintes, o que não pode fazer sentido).
Os discursos são bastante flexíveis em um aspecto: pode-se vencer sendo o melhor na sua empresa, na sua área, inventando uma área nova, criando sua própria empresa...
Mas, e se eu não quiser ser "o melhor"? Ninguém cogita esta possibilidade. E você vai me perguntar: por que alguém não quereria ser "o melhor"?
"O melhor" já é um termo bem relativo. Melhor em quê? Melhor como? Melhor do que quem? Além disso, é muito cansativo e estressante. Pago de preguiçosa. Mas, não é isso. A questão é que eu tenho uma vida pra viver, não pra trabalhar. Tudo bem que é importante trabalhar, aliás, é fundamental (mas, quando eu virar hippie, tudo será diferente). Agora, ser obrigado a ser o melhor é muita pressão.
Acredito que ser a melhor no que eu faço não vai me fazer feliz. Só vai me fazer a melhor e, talvez, até famosa ou rica. Seria rica, famosa e estressada de tanto trabalhar, fazer hora extra e levar trabalho pra casa todo dia, deixar de fazer coisas que eu gosto por causa do trabalho.
E o pior de tudo: se eu vencer, alguém tem que perder. O que me leva a outra filosofia: se eu não vencer, quer dizer que eu perdi? Mas, perdi o quê? Perdi de vencer? Começa a ficar confuso aqui.
Enfim, não gosto de toda essa competitividade. Nunca gostei. As pessoas deveriam ajudar umas as outras e não tentar derrubá-las.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
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2 comentários:
"As pessoas deveriam ajudar umas as outras e não tentar derrubá-las".
Belo pensamento, Ruivitcha, mas, se me permite um adendo, ficaria assim:
As pessoas podem ajudar umas as outras, mas por serem pessoas, sempre vão tentar derrubá-las.
Natureza humana é dureza.
Beijo.
Saudade.
Sei não, Carol... Podes me chamar de tola, mas ainda tenho fé nas pessoas.
Saudades de tu também! ^^
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