segunda-feira, 14 de julho de 2008

O estagiário

Boa noite, gente boa.

Antes de tudo, quero retificar a autoria do texto "Morre lentamente", postado no dia 12 de maio. Hoje, entrei no blog da Martha Medeiros e descobri que o texto é dela e que há muito circula pela internet como sendo do Pablo Neruda. Também, o título é outro: A Morte Devagar.

Agora, mais um texto de minha autoria.
Abraços.



O ESTAGIÁRIO


A porta do escritório abriu tão rapidamente que o estrondo que fez quando bateu na parede pode ser escutado em toda a agência. Está certo que não era uma agência muito grande, mas todo mundo ouviu. O chefe entrou gritando:
- Carlos! O que significa isto? – Ao terminar a frase, voou para cima da mesa de Carlos a Zero Hora de domingo, aberta na página onde estava o anúncio feito por ele, o estagiário.
Carlos segurou aquelas preciosas (e caras) folhas com ambas as mãos. Subiu um frio pela espinha quando ele viu: o valor estava errado!
- E sabe quem vai ter que pagar por isto? – continuou o enfurecido chefe, com o rosto rubro e as veias salientes – EU! Você sabe quanto me custou este anúncio? Sabe? – Esta era uma daquelas perguntas retóricas que as pessoas que exercem alguma autoridade adoram fazer.
- Não sei, não, senhor? – Respondeu ingenuamente o estagiário. Mas, a resposta foi apenas:
- Isto não pode mais acontecer, Carlos. Isto não pode mais acontecer.
- Não, senhor. – Disse ele cabisbaixo.
- E não vai. Carlos, quero sua mesa limpa até às 18h.
Ele não tinha como argumentar. Cometera uma falta gravíssima. Apenas assentiu com a cabeça e ficou parado enquanto o ex-chefe saía.



A estória é bastante exagerada, mas tenho a impressão de que não está tão fora da realidade assim. Como disse o David Coimbra, as pessoas querem tolerância zero, e é o que elas recebem. A gente não perdoa uma falha alheia, principalmente quando se trata de relações profissionais (seja como colega de trabalho ou cliente). A gente liga para as empresas e reclama de não falar com seres humanos, se irrita com as mensagens gravadas, mas trata os funcionários como máquinas, sem tolerar erros. Agora, quando somos nós que cometemos o erro, nos justificamos: errar é humano!


Mais sobre intolerância no blog do David Coimbra (copie e cole): http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=1&local=1&template=3948.dwt§ion=Blogs&post=82794&blog=219&coldir=1&topo=3994.dwt

Um comentário:

Anônimo disse...

E aí Raquel...
Tá bem legal o teu blog, adorei a história do "guri que comia margarida", tem até um cachorro que se chama pitanga... hehehe

escolhi esse post pra comentar porque o protagonista tem o meu nome. hahaha.

Parabéns pelos textos ótimos. Muito Bom.

Carlos