Lembro muito de um amigo que eu tinha quando era criança. Ele era uns três anos mais novo, e eu estava naquela idade de me achar super madura (fase que, aliás, durou muito tempo). Eu era um tanto “esquentadinha” e, como toda boa alemoa, era teimosa. Esse meu amigo morava no mesmo prédio que eu. Todo dia, a gente batia na porta um do outro e passava horas brincando.
De vez em sempre, a gente acabava brigando por alguma bobagem, uma dessas coisas de criança. A gente discutia, xingava, batia e até chorava! Tudo por causa de uma coisinha de nada, tão insignificante que eu nem me lembro mais. Daí, cada um ia para sua casa, emburrado, e contava tudo para a mãe. Acho que minha mãe nunca levou muito a sério estas briguinhas. Estava certa. Dali a uns 5 ou 10 minutos, tocava a campainha. Era o vizinho chamando pra brincar. E eu ia. Às vezes, era eu que descia as escadas e tocava no apartamento dele. Mas, tanto fazia quem tomava a iniciativa, a gente brincava como se nada tivesse acontecido.
Eu vejo isso acontecer muito com as crianças. Por alguns minutos, aquela pessoa se torna sua pior inimiga. A criança não quer falar com a outra nunca mais. Mas, como criança não tem noção de tempo, o “nunca mais” termina logo. Ainda bem, porque criança briga bastante. Só que eu não vejo isso acontecer com gente grande. Os adultos demoram mais pra brigar, mas não conseguem esquecer as coisas. Demoram pra perdoar, esquecer.
Esse perdão que as crianças conseguem dar me parece a forma mais pura de perdão. Elas ficam realmente bravas e revoltadas com a situação, mas conseguem perdoar e esquecer. Os adultos (e incluem-se também os adolescentes) têm uma coisa que as crianças não têm (e que não faz nenhuma falta): ORGULHO, aquele orgulho que não nos deixa perdoar de verdade, esquecer que a outra pessoa fez algo que nos desagradou, nos machucou. Parece que a gente vai perder alguma coisa se desculpar o outro, quando, na verdade, acontece justamente o contrário. Podem ver como as crianças logo estão brincando alegres de novo, depois de esquecer aconteceu.
Acredito que a gente tenha muito que aprender com as crianças. A gente vai crescendo e perdendo aquela simplicidade e humildade. Aí está uma coisa que os adultos podiam perder: esse orgulho ruim.
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Um comentário:
quem foi q inventou esse tal de orgulho, heim? vou lá dar uns murros nele. hehehehehehehe
c vai comigo?
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