quinta-feira, 12 de junho de 2008

O menino que comia pitangas - Parte V

Depois de almoçar o feijão-com-arroz de sempre, foi sentar-se debaixo da pitangueira. Chegou Carambola e deitou-se ao seu lado. Juninho pousou a mão sobre a cabeça dele e alisou os pelos do cão copiosamente. Margarida saiu à porta da casa e seu olhar encontrou Juninho recostado no tronco da árvore. Sorriu e atravessou a alameda saltitante. Aquela era a última tarde de férias. Eles resolveram aproveitar da melhor maneira: indo até o jardim florido no outro bairro.
Caminharam despreocupadamente durante muitos minutos, rua após rua, lomba após lomba. Estavam ofegantes por causa do sol forte e das subidas íngremes. Mas valia à pena. Eles sabiam que valia à pena.
As flores estavam cheirosas e a caramboleira estava com as folhas verdinhas. O jardim parecia estar mais bonito do que na primavera. A luz do sol iluminava cada flor, cada folha e cada borboleta que passava. Juninho foi pegar uma carambola para ele e uma para Margarida. Os dois sentaram-se ali perto, encostados num muro baixo de um terreno abandonado e comeram as carambolas. O calor estava muito intenso e Juninho sentiu-se sonolento. Margarida não conseguia manter os olhos abertos.
Acordaram uma hora depois, com o sol começando a baixar. Margarida levantou num pulo e arrumou o vestido. Juninho pôs-se de pé e os dois iniciaram o caminho de volta, seguidos pelo fiel companheiro, Carambola.
Chegaram antes de notarem a ausência deles. Já estava quase na hora de Juninho arrumar a mesa da janta, tarefa que ele terminou antes que pedissem. Jantou uma sopa de arroz com pouco sal e tirou os pratos da mesa. Estava cansado da caminhada da tarde e, logo, foi se deitar. Seus irmãos já estavam em suas camas. Otávio lia uma revista de história em quadrinhos que era de um amigo seu, e Vitor brincava com um carrinho velho. Juninho acomodou-se debaixo do cobertor fininho e adormeceu assim que deitou a cabeça no travesseiro.

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